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Chovera bastante à noite, e as alamedas do
Parque estavam repletas de poças dágua, de todos os tamanhos. Cada uma delas
continha sua parte de pedrinhas, lodo e folhas mortas, e todas refletiam um
pouco do céu.
O sol, porém, surgiu inclemente e perdurou o
dia inteiro, num calor imenso. As poças dágua menores, muito viçosas ao
amanhecer, já definhavam ao meio dia, e, ao entardecer, muitas começaram a
agonizar.
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Uma delas, chamada Pocinha, ladeada de seus
parentes e vizinhos, se lamentava: "Para que fui nascer, se tenho que acabar
assim? Melhor fora não ter nascido. Passei a vida entre tempestades e sol
causticante, e meu pequeno leito foi-se enchendo de mais lama e pedrinhas. E
agora, o que será de mim?"
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