"Eu o meu próximo, psicologicamente, somos um"
José Carlos      (31/Dez/18)

Aos companheiros de jornada neste mundo cada vez mais veloz, cada vez com mais tecnologia e cada vez menos coração:

A separação física existe, mas a separação psicológica é ilusória.

TODOS NóS sofremos pressões do trabalho, da falta de trabalho, pelo fato de ter dinheiro, ou por não ter dinheiro, e também pelo fato de "correr atrás do dinheiro";

TODOS NóS temos receio das adversidades, dos incidentes e contrariedades, das doenças curtas ou prolongadas, dos acidentes e imprevistos que nos espreitam ao atravessar uma rua, ao caminhar por um local ermo, ao dirigir numa estrada perigosa.

TODOS NóS nos incomodamos com os erros do passado e o temor do futuro. Sim, tememos o amanhã, e sofremos de ansiedade em maior ou menor grau, dependendo do clamor das circunstâncias e das condições internas.

Ficamos então agitados, temerosos, e assim trazemos o infortúnio sobre nosso próprio ser, conflitos, mal estar, insônia e outras perturbações. Também sofremos perdas, ficamos muito pesarosos, irritados, nossa perturbação extravasa e precisamos desabafar em cima de alguém.

O apóstolo Paulo dizia "o bem que quero, não o faço, mas o mal que não quero, esse o faço". E tudo gera consequências, dissabores, mais infelicidade. E não é nada disso o que desejamos; queremos PAZ!

E Buda dizia: "é inevitável a união com aquilo que não se ama, assim como é inevitável a separação daquilo que se ama".

Diante disso, que podemos fazer para viver EM PAZ?

 


A cadeia de causas e efeitos a todos nos prende; cada um de nós se justifica de seus procedimentos com base em eventos anteriores. Estamos acorrentados a um passado inflexível e temendo um futuro onde somente a certeza de nossa finitude, e de nossos entes queridos, paira soberana.

E a morte, nossa única certeza, é algo de que preferimos não ter consciência, "afastamos" como indesejável.

Todos nós herdamos o drama da condição humana; muitos são os temores, dores e tristezas que moram em nossa alma.

Essa é a saga de todo ser humano. Diante de tudo isso, ser feliz como indivíduos separados e ilhados em pequenas células familiares, em projetos de vida permeados pela incerteza, é um feito egocêntrico que exige FECHAR OS OLHOS à dor do outro.

É tão precária a condição humana que, a meu ver, a COMPAIXãO é o único caminho, compaixão como estado de alma por mim, por você, por todos, pelos animais também, pelas árvores e rios, pelo ar, pela água e pela Terra, que estamos destruindo sistematicamente visando a produção de riquezas, em grande maioria supérfluas.

A compaixão não é separativa; esta seria "ter pena". Um indivíduo vê outro em sofrimento, sente-se separado e "tem pena" dele; não percebeu que ele e o outro não têm diferenças essenciais; é a mesma psique baseada no desejo e no medo.

No estado de compaixão, vejo outro em sofrimento e é como se fosse eu mesmo em sofrimento, pois, em tudo que se disse acima, não há distinção entre a psique do outro e a minha.

 
A compaixão une, pacifica a alma, funde as diferenças, cria um estado interior integrado com o mundo; mas a "pena" de outro acentua a separatividade, pois nos eleva perante o infortúnio que o atinge. Amigos, a compaixão é o fim do sofrimento.

Antes do "Eu e o Pai somos um" (Jesus), nós precisamos realizar o "Eu o meu próximo somos um", pois:

"Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, se não tiver compaixão, sou como o bronze que soa ou o címbalo que retine".


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